Yes Mim Diz Asneiras... Personagens inglesas nas comédias de Martins Pena

Résumés

The romantic author Luis Carlos Martins Pena (1815-1848) has written twenty-two comedies in which he has portrayed the carioca society and various foreign characters living in Rio de Janeiro in the mid-19th Century. Although French, Italian and Portuguese characters occasionally appear in the comediograph's various texts, the protagonists invented with the utmost talent are actually the English ones. They are the primary figures of two plays: The ridiculous inventor in O Inglês maquinista and the seductive friends in As casadas solteiras. However, this kind of representation, still bears the influence of the main contemporary prejudices regarding «Her Majesty's Subjects«, whose presence was particularly significant in Brazil at the time.

O autor romântico Luís Carlos Martins Pena (1815-1848) escreveu vinte e duas comédias em que representou a sociedade carioca e várias personagens estrangeiras que viviam no Rio de Janeiro em meados do século XIX. Se franceses, italianos e portugueses emergem pontualmente nos diversos textos do comediógrafo, foram as personagens inglesas que ele inventou com o mais extremo talento. Constituem figuras principais de duas peças: o ridículo inventor de O Inglês maquinista, e os amigos namoradores de As Casadas solteiras. Esse tipo de representação, porém, permanece tributário dos principais preconceitos que prevaleciam na época em relação a esses "súditos de Sua Majestade" cuja presença era particularmente significativa no Brasil naquela época.

Texte

Considerado o fundador do teatro brasileiro, o autor romântico Luís Carlos Martins Pena (1815-1848) escreveu vinte e duas comédias — compostas entre 1833 e 1847 — em que representou não somente a sociedade carioca e alguns aspectos da zona rural circundante, como também várias personagens estrangeiras que viviam na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império brasileiro, naqueles meados do século XIX. Se franceses, italianos e portugueses emergem pontualmente em diversos textos do comediógrafo, foram sem dúvida alguma as personagens inglesas que o autor inventou com o mais extremo talento.

Com efeito, se os demais estrangeiros, na maior parte das comédias, só existem pelas menções feitas a eles por outras personagens, os ingleses constituem figuras principais de duas peças, quer seja o ridículo inventor de O Inglês maquinista, quer sejam os amigos namoradores de As Casadas solteiras. Os critérios dessas representações, porém, foram tributários dos principais preconceitos que prevaleciam na época em relação a esses súditos de Sua Majestade britânica cuja presença era particularmente significativa no Brasil Regencial e no do início do Segundo Império. Pode-se até mesmo afirmar que uma certa intolerância em relação a eles constituía a principal característica da relação que os brasileiros entretinham com esses estrangeiros.

Por outro lado, o inovador teatro de costumes inaugurado por Martins Pena encontrou um grande êxito junto ao público do Rio de Janeiro, que aplaudia sem hesitar as inspirações do autor pois as situações cômicas encenadas refletiam não somente a sociedade da época, como também os seus próprios descompassos.

Grandes sucessos populares, as comédias de Martins Pena tornaram-se na época o espelho da sociedade carioca e até mesmo brasileira. São Sebastião do Rio de Janeiro era a capital do Brasil e a principal cidade do país. A seu porto chegavam todos os navios e todas as novidades da Europa. A cidade de São Paulo — fundada aliás um pouco antes da capital carioca1 — já começava a se desenvolver com o café, mas sua região não tinha ainda atingido o lugar preponderante que ocuparia no século seguinte: o de estado mais rico da Federação.

Praticamente nenhum aspecto da vida local daqueles tempos escapou ao olhar crítico do autor: a corrupção das administrações públicas; a desonestidade das instituições religiosas; o aspecto ridículo de uma pequena burguesia que ascendia socialmente; o tráfico negreiro que continuava, apesar das proibições; a onipresença inglesa na vida cotidiana da cidade do Rio de Janeiro. Nas peças que nos interessam aqui, são esses dois últimos aspectos que foram salientados e criticados por Martins Pena. Para apreender inteiramente o quadro complexo em que se inserem, é necessário relembrar alguns elementos históricos que caracterizaram as relações ambíguas estabelecidas, bem antes, entre Portugal e a Inglaterra.

Com efeito, desde os tempos do rei D. Fernando, no século XIV, os britânicos já vinham obtendo vantagens na metrópole portuguesa2, privilégios confirmados generosamente durante o governo de Cromwell, no século XVII, e, principalmente, pelo tratado de Methuen, em 1703. Eram imensas as regalias que os portugueses consentiam aos "súditos de Sua Majestade":

[…] os ingleses obtinham liberdade de comércio sem salvo-conduto nem licença em Portugal e em todos os seus domínios, liberdade de religião e de culto, privilégio de seus créditos quanto aos bens e mercadorias embargados de portugueses presos pela Inquisição ou pela Justiça Real, jurisdição especial nos casos de heranças jacentes e espólios, livros e contas de súditos britânicos falecidos em Portugal, isenção de embargo de navios e bens para uso de guerra, tratamento de nação mais favorecida, jurisdição especial do juiz conservador, sem cuja ordem nenhum inglês podia ser preso ou embargado, salvo em flagrante delito, direito de circulação e de propriedade privada de casas de habitação, lojas e armazéns, porte de armas ofensivas e defensivas (Sousa, 1977: XXi).

Como conseqüência desse tratamento privilegiado que provinha de vários séculos, os ingleses adquiriam, cada vez mais, um poder imenso não somente em Portugal, como também em suas colônias. Por exemplo, havia em Lisboa, na segunda metade do século XVIII "mais de cem casas comerciais inglesas e em mãos inglesas estava quase todo o comércio de vinhos. Portugal era sem maior exagero a 'vinha do Inglês'"[…] (Sousa, 1977: XXi).

Além disso, e tornando a situação ainda mais complexa, durante as guerras napoleônicas, Portugal permaneceu aliado à Inglaterra, numa posição inconfortável entre as duas potências européias. Tentando ganhar tempo, evitou tomar uma posição clara, mas quando a invasão francesa tornou-se iminente, o então príncipe regente D. João preferiu aceitar a proposta inglesa e partir com toda a Corte para a longínqua colônia brasileira. A Inglaterra forneceu navios e escolta que deixaram Lisboa em 1807 e chegaram a Salvador da Bahia em 22 de janeiro de 1808 (Costa e Pedreira, 2008: 202-203).

Durante os treze anos de permanência da Corte portuguesa no Brasil — de 1808 a 1821 — a presença inglesa fez-se sentir cada vez mais. Privilegiados, os súditos de Sua Majestade já puderam beneficiar, a partir de 28 de janeiro de 1808, da abertura dos portos brasileiros às nações amigas, estabelecida pelo Príncipe Regente D. João, que permitia a importação «de todos e quaisquer gêneros, fazendas e mercadorias transportados em navios estrangeiros das potências que se conservavam em paz e harmonia com a Real Coroa» (Holanda, 1962: 71). Essa medida econômica beneficiava claramente a Inglaterra e rompia o exclusivismo colonial vigente até então.

Como se não bastasse, em 1810, o Tratado de Comércio Anglo-Lusitano estabeleceu que:

[…] os comerciantes lusos pagassem 15% de direitos [alfandegários] sobre mercadorias inglesas que fizessem vir por sua conta. As mercadorias portuguesas, contudo, continuavam pagando 16% de direitos. E as mercadorias de outra origem continuavam pagando os 24% de taxa (Holanda, 1962: 82).

Um número significativo de negociantes e comerciantes britânicos instalou-se então no país e passou a importar diversos produtos, perenizando no Brasil a tradição das relações privilegiadas outrora entretidas com a metrópole:

De tudo trouxeram os ingleses desde as primeiras viagens: fazendas de algodão, lã e seda; peças de vestuário, alimentos, artigos de armarinhos, móveis, vidros, cristais, louças, porcelanas, panelas de ferro, cutelaria, quinquilharia, carruagens, etc (Holanda, 1962: 75).

Por questões de ordem prática, instalaram-se de preferência nas cercanias da alfândega: na Rua Direita, na dos Pescadores e na própria Rua da Alfândega (Holanda, 1962: 75). Era ali que chegavam todas as mercadorias da Europa e do Oriente.

Nos primeiros tempos, esses ingleses constituíram figura respeitada na colônia brasileira. Eram pessoas dignas e ricas (Freyre, 1977: 11). Em seguida, como o número deles muito aumentou no Rio de Janeiro, o limite de tolerância foi aos poucos sendo ultrapassado e, a partir de 1826, a intolerância já era bem visível e se manifestava através de brigas e piadas que os desvalorizavam, contadas nas ruas e nos bares. Os ingleses detinham as rédeas econômicas do país e essa primazia britânica torna-se claramente imperialista a partir de 1835, como salientou Gilberto Freyre, 1977: 12)3.

Além desse aspecto de superioridade comercial e econômica, um outro fato já havia tornado os ingleses bastante antipáticos aos olhos do povo brasileiro. Com efeito, no momento da independência do Brasil, em 1822, a Inglaterra oferecera-se para servir de mediadora entre a metrópole e a colônia e foi ela, então, que negociara o preço da independência do Brasil. Ora, como uma grande coincidência, os dois milhões de libras esterlinas exigidas por Portugal correspondiam exatamente à dívida que esse país tinha para com a Inglaterra. Pago pelo Brasil, esse dinheiro somente transitara por Lisboa, antes de chegar a seu destino final: os cofres ingleses! (Schwarcz, 2006: 293-294).

País independente, mas pobre, o Brasil vive dificilmente o seu Primeiro Império — de 1822 a 1831 — até a abdicação do imperador D. Pedro I em favor de seu filho Pedro de Alcântara, que contava apenas cinco anos de idade. Para governar o país durante esse período, sucederam-se várias regências que, de 1831 a 1840, tentaram manter coeso e pacífico um país fustigado por várias revoltas. Esses nove anos foram um dos piores períodos da história brasileira. A qualquer momento, a unidade nacional corria o risco de se romper e o território de se fragmentar em vários pequenos países, como fora o caso da América espanhola. Era a Cabanagem no Grão-Pará4, a Sabinada na Bahia5, a Balaiada no Maranhão6, a Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul7. E as tensões foram assim aumentando até a maioridade antecipada do Imperador e sua coroação em 23 de julho de 1840, com apenas quatorze anos de idade!

Em meio a esse contexto frágil, permanecia uma divergência significativa entre o Brasil e a Inglaterra em relação à escravatura: Londres já eliminara o tráfico negreiro em 1807 e começava a abolir a mão de obra escrava de suas colônias; e pressionava o Brasil para que fizesse o mesmo. O aspecto humanitário dessa medida — defendido com ênfase pelos britânicos dentro e fora de seu país — deixava, porém, entrever o fato de o açúcar brasileiro chegar ao mercado bem mais em conta pois produzido por mão de obra escrava. Isso prejudicava as colônias açucareiras inglesas das Antilhas cuja produção começava a ser mantida por mão de obra assalariada (Holanda, 1962, p. 344).

Desta forma, sob forte pressão inglesa, a Assembléia Geral do Império Brasileiro promulgou, a 7 de novembro de 1831, uma lei proibindo o tráfico negreiro e declarando livres todos os escravos que entrassem no território nacional a partir dessa data. Essa lei foi chamada ironicamente de "Lei para inglês ver". Nunca foi cumprida, mas legou ao português falado no Brasil essa expressão divertida para designar efeitos de aparência sem nenhuma validez…

Com efeito, os navios negreiros continuavam a chegar às costas brasileiras repletos de escravos. Esses últimos eram chamados de "meias–caras" e a entrada deles no território nacional fazia-se graças à cumplicidade entre traficantes e autoridades alfandegárias, que lucravam ambos com esse comércio ilegal: em vez de serem considerados homens livres, como preconizava a lei, esses "meias-caras" eram simplesmente vendidos.

A Inglaterra decidiu então tomar medidas mais drásticas. Em 1845 o Parlamento inglês votou o bill Aberdeen, lei de triste memória que autorizava a Marinha britânica a interceptar os navios negreiros que cruzavam o Oceano Atlântico, a apreender suas cargas e a levar as tripulações para serem julgadas na Inglaterra, o que provocou imensa ira nos brasileiros.

Em resumo, havia uma ingerência inglesa muito grande nos negócios internos do Brasil. Bastante intervencionista, a Inglaterra mantinha o lugar preponderante que conseguira no âmbito comercial durante todo o período colonial. Gilberto Freyre notou que as relações entre o Brasil e a Inglaterra chegavam quase a ser as de uma colônia face à metrópole, lembrando que a um dado momento, quase todo o algodão brasileiro era enviado para a Inglaterra (Freyre, 1977: 48).

Por outro lado, havia no Brasil uma influência cultural inglesa muito importante, com palavras e costumes introduzidos já naquela primeira metade do século XIX. Palavras tais como drink, bungalow, smoking; novos hábitos alimentares tais como o de comer beef-steak ou roast-beef, o de tomar cerveja, chá ou uísque; e novos costumes tais como: morar fora do centro, tocar piano, usar pijama e até mesmo comer em pratos individuais usando talheres, pois antes dos ingleses, no Brasil, todos comiam juntos, num mesmo prato grande, usando as mãos! (Freyre 1977: 30-31).

Por todas essas razões, a relação entre brasileiros e ingleses no Rio de Janeiro foi aos poucos se degradando. Já em fevereiro de 1814, por exemplo, o ministro da Grã-Bretanha no Rio enviou um ofício ao Ministro dos Negócios Estrangeiros do seu país, em que afirmava: «O ódio dos naturais do Brasil à Inglaterra é mais violento do que posso descrever» (Freyre, 1977: 121). E a partir de 1826 a relação entre brasileiros e ingleses no Rio de Janeiro já tinha se tornado explosiva. Quando o patamar de tolerância foi atingido, o respeitado "Mister" de outrora transformou-se no pejorativo "bife". O comediógrafo Martins Pena vai denunciar todos esses descompassos em suas comédias, fazendo do tão detestado inglês personagens bastante originais e, sobretudo, ridículas.

Foi durante o período regencial e o início do Segundo Império que Martins Pena começou a escrever e a encenar suas comédias. A primeira delas foi escrita provavelmente em 1833 e a última, em 1847 (Damaceno, 1956: 8-13). Natural do Rio de Janeiro, o comediógrafo nasceu em 1815 e passou praticamente toda a sua vida na capital do Império. Só a deixou em 1847 para assumir um cargo diplomático… em Londres! Tuberculoso, o ar londrino agravou sua saúde frágil e teve então de ser repatriado ao Brasil no outono de 1848. Não resistindo à viagem, faleceu durante a escala do navio na capital portuguesa, em dezembro de 1848, aos trinta e três anos (Magalhães Júnior, 1972: 245).

Em plena época do Romantismo, o comediógrafo escreveu peças de tom realista. Encenava o que captava da realidade social, exagerando os traços. Foi romântico no sentido em que, pela primeira vez no teatro do país, voltou-se para elementos nacionais, colocando no palco personagens brasileiras, gente típica do lugar e da época, com seus falares simples e coloquiais, e até mesmo com suas preocupações medíocres e mesquinhas. Num contexto teatral em que as peças encenadas tinham por herói personagens mitológicas ou tiradas da História clássica européia, Martins Pena ousou, pela primeira vez, criar personagens típicas do cotidiano brasileiro e carioca.

Duas peças do autor apresentam ingleses como personagens principais: Os dous ou O inglês maquinista8 e As casadas solteiras.

A primeira delas, escrita em 1842, tem por protagonista Gainer, o tal inglês maquinista, o que na época significava inventor. Seu nome talvez tenha sido inspirado do de George Gardner, naturalista britânico que percorreu o norte do Brasil por volta de 1836 e publicou um livro em Londres, em 1846, sobre a flora, a fauna, a população e os costumes brasileiros9. Além disso, com uma conotação irônica que percorre todo o texto, o nome Gainer lembra o substantivo inglês ”gain” (lucro), noção que, na peça, encontra-se no âmago das relações entre o inventor inglês e os brasileiros.

A ação da peça está situada na casa de D. Clemência, uma burguesa tola e superficial, rodeada de amigos tão desinteressantes quanto ela: o contrabandista de escravos que responde pelo nome irônico de Negreiro, e o inglês Gainer. Ambos disputam o coração — e o dote — de Mariquinha, a filha casadoura de D. Clemência que, porém, é amada de maneira mais sincera pelo primo Felício.

Magalhães Júnior lembra com acuidade que o problema dos "meias-caras" – aqueles escravos introduzidos ilegalmente no Brasil pelos navios dos traficantes que conseguiam driblar as patrulhas inglesas — inspirou amplamente a escritura dessa peça: "[Martins Pena] explora a rivalidade existente entre os ingleses e os que se beneficiavam com o contrabando de escravos" (Magalhães Júnior, 1972: 55)10.

Negreiro e D. Clemência fazem parte desses brasileiros que tiravam proveito do desrespeito à lei de 1831 — aquela "para inglês ver" — e continuavam, o primeiro a levar escravos para o Brasil; a segunda a adquiri-los. O diálogo entre o contrabandista e o jovem Felício dá o tom:

Felício — Sr. Negreiro, a quem pertence o brigue Veloz Espadarte, aprisionado ontem junto quase da Fortaleza de Santa Cruz pelo cruzeiro inglês, por ter a seu bordo trezentos africanos?

Negreiro — A um pobre diabo que está quase maluco… Mas é bem feito, para não ser tolo. Quem é que neste tempo manda entrar pela barra um navio com semelhante carregação? Só um pedaço de asno. Há por aí além uma costa tão longa e algumas autoridades tão condescendentes!… (Pena: 98)11.

A essas observações pouco abonadoras do traficante, fazem eco as de D.Clemência que procura, de forma egoísta, tirar o melhor partido possível da situação:

Clemência — […] A propósito, já lhe mostrei o meu meia-cara que recebi ontem na Casa da Correção?

Negreiro — Pois recebeu um?

Clemência — Recebi, sim. Empenhei-me com minha comadre, minha comadre empenhou-se com a mulher do desembargador, a mulher do desembargador pediu ao marido, este pediu a um deputado, o deputado ao ministro e fui servida.

(Pena: 98-99)

Por outro lado, a querela entre Negreiro e Gainer, que disputavam ambos o coração de Mariquinha, encenava do ponto de vista teatral uma realidade perceptível no dia-a-dia carioca, ou seja, a rivalidade entre brasileiros escravocratas e ingleses abolicionistas:

Negreiro, indo sobre Gainer — Espera, goddam dos quinhentos!

Gainer, indo sobre Negreiro — Meia-cara! (Gainer e Negreiro brigam aos sôcos. Gainer gritando continuadamente: Meia-cara! Patifa! Goddam! ­ e Negreiro: Velhaco! Tratante!) […] (Pena: 113).

Além disso, o inglês considera-se mais inteligente do que os brasileiros pois afirma ter inventado uma máquina excepcional e espera angariar fundos para colocá-la em funcionamento. Trata-se de uma máquina completamente absurda, mas para a qual o arguto inglês conta obter ajuda financeira dos brasileiros otários. E a descrição feita por Gainer dessa invenção absurda torna-se ainda mais ridícula pelo fato de o inglês não conseguir falar português corretamente, apesar de viver no Brasil há vários anos:

Gainer — […] Eu bota a maquina aqui no meio da sala, manda vir um boi, bota a boi na buraco da maquine e depois de meia hora sai por outra banda da maquine tudo já feita. […] A carne do boi sai feita em beef, em roast-beef, em fricandó e outras muitas; do couro sai sapatas, botas… […] Das chifres sai bocetas, pentes e cabo de faca; das ossos sai marcas…. […] também sai açúcar, balas da Pôrto e amêndoas (Pena, 1956: 105).

A hábil menção ao açúcar remexe a questão contenciosa do preço inferior do produto brasileiro no comércio internacional e o consequente despeito inglês que exigia a abolição da escravatura a fim de que ambas as produções fossem realizadas com mão de obra assalariada, como já foi salientado.

Para os brasileiros da época, a personagem do inglês inventor representava ao mesmo tempo a civilização industrial, os primórdios da modernização, e a opressão capitalista. Havia então uma grande vingança em lhe atribuir um papel ridículo, sustentado por uma maneira de falar ainda mais ridícula.

Em contraponto a esse inglês excessivo e imperialista, a peça propõe a personagem Felício, sobrinho da anfitriã D. Clemência, pessoa lúcida que não cai na armadilha e que não perde uma só oportunidade de responder para o inglês com muita ironia:

Mas veja como os homens são maus. Chamarem ao senhor, que é o homem o mais filantrópico e desenteressado (sic) e amicíssimo do Brasil, especulador de dinheiros alheios e outros nomes mais (Pena: 106).

E num aparte, dirigindo-se ao público sem que Gainer possa ouvir — técnica frequente nas comédias do autor carioca — Felício acrescenta: "O bem estar do brasileiro é o estribilho destes malandros" (Pena:106).

Por outro lado, a personagem Gainer condensava maravilhosamente tudo o que o povo brasileiro associava aos ingleses, ou seja, as diversas tecnologias. Foram eles, com efeito, que construíram as primeiras fundições, o primeiro cabo submarino, as primeiras ferrovias, os primeiros telégrafos, os primeiros bondes, as primeiras iluminações a gás, etc… O povo brasileiro via o inglês como o mágico do ferro e do aço, do vidro e do cobre (Freyre, 1977: 26-27). Antes da intolerância atingir o limite sem volta, o engenheiro inglês era uma figura respeitada, tratada pelo já citado "Mister".

Os dous ou O inglês maquinista alcançou um grande sucesso. "Foi peça representadíssima, não só nos teatros profissionais, mas ainda pelos alunos do curso de teatro do Conservatório de Música […]", lembra Magalhães Júnior (1972: 65). E seis anos após a estréia, as estripulias do inglês inventor ainda divertiam as plateias do Rio de Janeiro (Magalhães Júnior,1972: 65)!

A segunda peça, escrita em 1845, leva o título de As casadas solteiras e é adaptação de uma obra francesa intitulada Les Trois Dimanches, escrita pelos irmãos Cogniard e por Jules Cordier12. Martins Pena modificou várias situações, suprimiu algumas personagens e reorganizou a intriga em função do contexto carioca.

O enredo brasileiro apresenta duas irmãs, Clarisse e Virgínia, que estão apaixonadas por dois ingleses: John e Bolingbrok13. Porém, o pai comerciante é ferozmente contra os namoros e os eventuais casamentos. Brasileiro da classe média, ele não suporta mais os ingleses, como a maior parte dos habitantes do Rio de Janeiro naquela época: "É o que me faltava: casá-las com ingleses! Antes com o diabo!" (Pena: 404). Virgínia resume perfeitamente a situação: "Ele [o pai] diz que odeia aos ingleses pelos males que nos têm sempre causado, e principalmente agora, que nos querem tratar como piratas" (Pena: 404), constatação que faz referência à injusta lei inglesa bill Aberdeen, já referida. As duas moças resolvem então fugir da casa paterna para casarem às escondidas com os britânicos num templo protestante do Rio de Janeiro. Os casais partem em seguida para a longínqua província da Bahia. Ora, naquela época, o casamento religioso era imprescindível e a única religião autorizada no Brasil era a católica. Havia porém uma exceção que autorizava o exercício da religião protestante pelos ingleses, negociada por eles desde 1810 (Holanda, 1962: 82).

Após somente dois meses de casados, os maridos começam a destratar as esposas, deixando-as sozinhas em casa — moram todos juntos — enquanto vão a teatros, bailes e public-houses. "Pareciam tão submissos e respeitosos, lá no Rio de Janeiro! Que mudança!" (Pena: 411), lamenta-se Clarisse. "Assim morreremos neste insuportável cativeiro!" (Pena: 416), acrescenta tristemente Virgínia, concluindo mais tarde: "[…] Não temos vontade nem deliberação em coisa alguma. Governam-nos britanicamente" (Pena: 419), afirmação que não deixava de avivar o ponto sensível da relação entre os dois países naquele momento.

Nesta peça, a personagem inglesa da comédia precedente desdobra-se em duas: John e Bolingbrok. O primeiro sabe falar português fluentemente pois nasceu no Brasil de pais ingleses e torna-se, rapidamente, menos risível do que o amigo Bolingbrok, um inglês bem inglês, ridicularizado primeiramente pelo português atravessado que fala: "My dear Clarisse, eu fica doente longe de ti" (Pena: 403). Ou então: "Mais repolha e nabas?" (Pena: 433). Ou ainda: "Yes, mim diz asneiras…" (Pena: 404).

E como se não bastasse a língua atrapalhada de um deles, os dois são apresentados como jovens desajeitados e sem nenhuma aptidão para a dança, num país em que música e dança já desempenham um papel cultural importante. E são as próprias irmãs outrora apaixonadas que constatam esse defeito:

Clarisse — [No baile] Saltavam como uns demônios… Cada pernada!

Virgínia — E na polca ia tudo raso, com pontapés e encontrões. Todos fugiam deles. Ah, ah! (Pena: 427).

As duas jovens constatam também o abismo cultural que, afinal, existe entre elas e os estrangeiros, e não se privam de criticar certos aspectos gastronômicos que lhe parecem agora impossíveis a adotar:

Virgínia — Ontem o meu [marido] quis que eu comesse, por fôrça, rosbife quase cru.

Clarisse — E o meu, que eu engolisse metade de um plum-pudding horroroso. Virgínia — Ateimou comigo boa meia hora para que eu bebesse um copo de cerveja. Prrr… que bebida diabólica!

Clarisse — E eu vi-me obrigada a beber um copo de ponche deste tamanho, que me deixou com a cabeça por esses ares! (Pena: 411).

Completando essas incompatibilidades agora intransponíveis, os dois ingleses fazem críticas enormes em relação ao Brasil e aos brasileiros, o que, durante a apresentação da peça no teatro, aumentava ainda mais a já intensa animosidade dos espectadores cariocas em relação a eles. Naquele seu português incorreto, Bolingbrok critica a sujeira dos transportes marítimos brasileiros: "É uma vergonhe êstes barques de vapor do Brésil. Tão pórque14, tão, tão, tão…"15 (Pena: 399); não hesita em definir os habitantes do país de maneira pouco elogiosa: "Brasileiros sabe mais gasta do que sabe ganha" (Pena: 414); e chega até mesmo a declarar sua própria atitude interesseira: "Brasil é bom para ganhar dinheiro e ter mulher…" (Pena: 424).

Se na comédia precedente a personagem Felício era empregada enquanto contraponto, reequilibrando os exageros da personagem britânica, na presente obra é o jovem Jeremias que desempenha essa função. Amigo dos dois ingleses, o brasileiro adota, entretanto, aos poucos, uma atitude bastante severa em relação a esses estrangeiros tão críticos dos aspectos locais: "Não gostam do Brasil, Brésil non preste!, mais (sic) sempre vão chegando para lhe ganharem o dinheiro…" (Pena: 401). E a forma de expressão preferida de Martins Pena para encenar esses julgamentos, continua sendo o aparte, como na peça anterior. A personagem parece tecer observações para consigo mesma, porém, na verdade, diz alto o que o público pensa, mas guarda dentro de si. E o aparte pode então ser visto como uma confidência à plateia, como uma busca de conivência por parte do diretor da peça. Esse artifício constituía algo bastante hábil por parte de Martins Pena pois não faltavam, na sala do teatro, pessoas que pensavam da mesma forma que a personagem denunciadora.

Conscientes do engodo em que caíram, Virgínia e Clarisse encontram-se no auge da ira e do desespero quando chega a Salvador, para uma visita, a amiga Henriqueta, que conta o que se diz no Rio de Janeiro a respeito dos casamentos delas com os ingleses:

Henriqueta — Minhas caras amigas, sinto muito repetir: não estais casadas legitimamente.[…] As cerimônias nupciais protestantes só ligam os protestantes; e as católicas, aos [sic] católicos. (Pena: 420)

Aliviadas, as solteiras casadas abandonam os maridos e voltam para a Corte e para a casa do pai Narciso, sendo por ele perdoadas. A peça, porém, não conclui com esse final feliz pois os dois ingleses partem para o Rio de Janeiro à procura das esposas, no momento em que o pai começa a prever o casamento delas com dois amigos de sua escolha. Atendendo pelos nomes ridículos de Pantaleão e Serapião, esses noivos brasileiros impostos pelo pai são velhos e não agradam às filhas. No fundo, elas ainda amam os dois ingleses e sentem saudades deles:

Virgínia — Que me dizes a esta, mana? Eu, casada com um Serapião!

Clarisse — E eu, com um Pantaleão!

Virgínia — Isto não pode ser…

Clarisse — Que dúvida!

Virgínia — Até porque ainda nutro certas esperanças…

Clarisse — E eu também. (Pena: 426)

De volta ao Rio de Janeiro, John e Bolingbrok tentam se aproximar das esposas. Esse último foi visto pela amiga Henriqueta que não tarda a comunicar o fato a Clarisse, deixando transparecer todo o ridículo que pensa dele:

Henriqueta — […] Ontem encontrei o teu, o Bolin, Bolin… Que maldito nome, que nunca pude pronunciar!

Clarisse — Bolingbrok.

Henriqueta — Bolinloque a passear no Largo do Paço, vermelho como um camarão. […] (Pena: 426).

Esse diálogo permite introduzir um outro aspecto risível do inglês: o fato de não ficar bronzeado, mas vermelho, quando exposto ao sol. Porém, observa-se que, apesar de todos esses elementos considerados depreciativos, as irmãs ainda amam os estrangeiros e os preferem aos pretendentes nacionais.

Após mil peripécias, as moças conseguem finalmente convencer Narciso a aceitar os ingleses como genros, desde que casem na Igreja católica. O final feliz é comedido e ambíguo pois, apesar das alianças estabelecidas, todos sabem que, mais cedo ou mais tarde, serão enganados pelos britânicos. Aliás, as últimas palavras da peça são ditas em coro por quase todas as personagens: "[…] seremos todos… felizes! […] Logrados!" (Pena: 438).

Da mesma maneira que a peça precedente, As casadas solteiras conheceu um grande sucesso pois foi uma "muito aplaudida comédia", como salientou Magalhães Júnior (1972: 179).

Desta forma, as peças cômicas de Martins Pena funcionavam como um espelho da sociedade da época, espelho em que as pessoas iam se mirar com frequência, pois o teatro constituía o divertimento mais importante da cidade. Assistiam essas comédias as próprias pessoas nelas representadas, criticadas, ridicularizadas. As burguesas tolas, os traficantes de escravos, os comerciantes, as autoridades corruptas, os estrangeiros, todos se encontravam na sala do teatro…

Por outro lado, o crítico Sílvio Romero observou com acuidade que a importância da obra cômica de Martins Pena ultrapassou definitivamente os limites do teatro brasileiro pois, com efeito: "O nosso comediógrafo é a documentação viva dos primeiros cinquenta anos deste século16 no Brasil. Nesse sentido, leva decidida vantagem a todos os escritores de seu tempo, nomeadamente, aos autores brasileiros" (Jatobá, 1978: 90).

Martins Pena documentou a vida carioca de meados do século XIX com seu realismo natural e ingênuo, e conferindo a suas personagens uma fala coloquial — a que era empregada pela pequena burguesia — afastando-se assim das normas da metrópole lusitana. Mais do que representações, as comédias do autor foram verdadeiros documentários da vida carioca — e até mesmo brasileira — daquele momento:

Se se perdessem todas as leis, escritos, memórias da história brasileira dos primeiros cinqüenta anos deste século dezenove, que está a findar, e nos ficassem somente as comédias de Pena, era possível reconstituir por elas a fisionomia moral de toda essa época (Magalhães Júnior, 1972: 253).

Martins Pena usava a comédia para denunciar. Destruía para, talvez, construir de maneira diferente. E foi romântico no sentido em que afirmava a nacionalidade brasileira, sentindo-a do interior, naquela frequentação cotidiana de tudo aquilo que interrogava e incomodava a população carioca daquele momento. E propôs como protagonistas de suas histórias a mulher e o homem brasileiros, simplesmente. "Seus personagens representam o homem brasileiro possível" concluiu a autora Tânia Jatobá (1978: 71). No fundo, o comediógrafo conseguiu, em meados do século XIX, o que muitos depois dele vão buscar, ansiosamente, durante todo o século XX, ou seja, produzir uma arte realmente popular em que o povo se encontrasse ao mesmo tempo no palco e na sala.

Bibliographie

COSTA, Fernando Dores e PEDREIRA, Jorge (2008). D. João VI, um príncipe entre dois continentes, São Paulo: Companhia das Letras.

DAMACENO, Darcy (1956). «Introdução«. In Martins PENA, Comédias, edição crítica de Darcy Damasceno, Rio de Janeiro: MEC/Instituto Nacional do livro, pp. 10-11.

DUARTE SIMÕES, Teresa Cristina (2001).  ”Do preto do cesto ao moleque do vintém: a escravidão nas Comédias de Martins Pena”. In Les Langues Néo-Latines n° 319 - IV, pp. 177-229.

DUARTE SIMÕES, Teresa Cristina (2002). "Caipiras, citadinos e estrangeiros nas Comédias de Martins Pena”. In Les Langues Néo-Latines n° 323 - IV, pp.115-134.

DUARTE SIMÕES, Teresa Cristina (2011). ”L'Habit ne fait pas le moine : aspects religieux dans les Comédias de Martins Pena”. In Catherine Heymann et Modesta Suarez (orgs), Pérégrinations d'un intellectuel latino-américain : Hommage à Rodolfo de Roux. Toulouse: CNRS-Université de Toulouse-Le Mirail, collection "Méridiennes", p. 269-275.

FREYRE, Gilberto (1977). Ingleses no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora.

HOLANDA, Sérgio Buarque de (dir.) (1962). História Geral da Civilização Brasileira, Tomo II, 1° volume. São Paulo: Difusão Européia do Livro.

JATOBÁ, Tânia (1978). Martins Pena: construção e prospecção. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro / INL.

MAGALHÃES JÚNIOR, Raimundo (1972). Martins Pena e sua época, São Paulo: Lisa.

PENA, Martins (1956). Comédias, edição crítica de Darcy Damasceno. Rio de Janeiro: MEC/Instituto Nacional do livro.

SCHWARCZ, Lília Moritz (2006). «Pagando caro e correndo atrás do prejuízo». In Jurandir Malerba (org.). A independência do Brasil. Novas dimensões. Rio de Janeiro: Editora FGV, pp. 293-294.

SOUSA, Otávio Tarquínio de (1977). "O livro de um mestre", prefácio. In Gilberto Freyre, Ingleses no Brasil – aspectos da influência britânica sobre a vida, a paisagem e a cultura do Brasil. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora.

Notes

1 Foram os jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta que fundaram São Paulo de Piratininga, em 1554. Quanto ao Rio de Janeiro, deve seu início ao português Estácio de Sá, que fundou o povoado em 1565, após a expulsão dos franceses da França Antártica. Retour au texte

2 Essas liberalidades figuram nas cartas patentes de 1367, de 1400, de 1453 e de 1495 (Sousa, 1977: XXi). Retour au texte

3 Para o autor, essa influência vai conservar seu dinamismo até 1912, quando começará a ceder lugar à influência estadunidense. Retour au texte

4 Rebelião popular iniciada pelos cabanos, população pobre que vivia em cabanas à beira dos rios. Durou de 1833 a 1836. Retour au texte

5 Foi liderada pelo médico Francisco Sabino e uniu a classe média da população baiana contra as autoridades nomeadas pelo governo regencial. Proclamaram a República Bahiense em 1837, mas foram vencidos no ano seguinte, após uma violenta repressão por parte do governo central. Retour au texte

6 Revolta popular liderada por fabricantes de cestos (balaios), de onde vem o seu nome. Começou em 1838, mas foi contida em 1841. Retour au texte

7 Foi a mais longa guerra civil brasileira e tinha por objetivo a separação da província do Rio Grande do Sul. Encabeçada pela classe dominante — os criadores de gado proprietários de estâncias — proclamou a República de Piratini em 1835 e só foi vencida em 1845, após uma ampla contaminação de todo o sul do país. Retour au texte

8 Essa peça apresenta um duplo título, bem no estilo romântico vigente na época. Retour au texte

9 George Gardner era superintendente do Real Jardim Botânico de Ceilão e percorreu o interior brasileiro de 1836 a 1841, principalmente as províncias do norte e a de Minas Gerais, com poucos meios e muitas privações. Seu livro intitula-se Travels in the interior of Brazil, principally through the northens provinces and the gold and diamond districts during the years 1836-1841 (Londres, 1846). Retour au texte

10 Esse autor lembra que no ano de 1842 – o da escritura da peça – entraram ilegalmente no país 17.435 africanos; e que no ano de 1843 — data provável da primeira representação da mesma — entraram 19.095! (Magalhães Júnior, 1972: 57). Retour au texte

11 Em todas as citações que serão feitas das duas peças, conservamos a ortografia do texto de referência. Retour au texte

12 Charles Théodore (1802-1872) e Jean Hippolyte Cogniard (1807-1882) escreveram e encenaram várias peças juntos. Jules Cordier era o pseudônimo do escritor de teatro Mathieu-Éléonore Tenaille de Vaulabelle (1802-1859). Retour au texte

13 O comediógrafo conservou o nome das moças, adaptando levemente o "Virginie" em Virgínia, bem como os nomes dos dois ingleses, que também existem também na peça original: Edmond Bilbrok tornou-se Bolingbrok e Johson, John (Magalhães Júnior, 1972: 173). Retour au texte

14 Deformação do adjetivo "porco", empregado no Brasil, em registro familiar, para designar "imundo". Retour au texte

15 Martins Pena insiste em fazer Bolingbrok falar repetindo três vezes certas palavras, o que remete ao mesmo tempo a uma hesitação contínua, bem como a uma certa pobreza de vocabulário. Por outro lado, o autor coloca algumas palavras francesas no discurso do inglês, talvez para reforçar o limitado dom linguístico do mesmo. Retour au texte

16 Trata-se aqui, evidentemente, do século XIX. Retour au texte

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Référence électronique

Cristina Duarte-Simões, « Yes Mim Diz Asneiras... Personagens inglesas nas comédias de Martins Pena », Reflexos [En ligne], 3 | 2016, mis en ligne le 19 mai 2022, consulté le 26 avril 2024. URL : http://interfas.univ-tlse2.fr/reflexos/799

Auteur

Cristina Duarte-Simões

Maître de conférences

Université Paul Valéry Montpellier 3 – LLACS

teresa.duarte-simoes@univ-montp3.fr

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